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Furacão Sandy: A perspetiva de um subscritor

Os efeitos devastadores do Sandy podem estar na origem de mudanças profundas na subscrição de seguros patrimoniais.

Furacão Sandy: A perspetiva de um subscritor
O furacão Sandy pode vir a revelar-se um acontecimento de proporções monumentais para a indústria seguradora. Na perspetiva do mercado segurador é provável que o recordemos como a segunda maior catástrofe natural na história dos EUA, ficando apenas atrás do Furacão Katrina, de 2005.

Uma perda desta magnitude, próxima dos 25 mil milhões de dólares em bens seguros, vai mudar a forma como alguns seguradores veem o risco catastrófico tanto no que se refere à frequência como à severidade. Os efeitos devastadores do Sandy podem estar na origem de mudanças profundas na subscrição de seguros patrimoniais.

A tempestade não só espalhou a destruição como também provocou falhas energéticas, estragos no sistema de transportes públicos, e longos períodos de recuperação. Não havia memória de danos tão elevados causados pela água do mar. Os prejuízos financeiros foram significativos. A Indústria, desde empresas ligadas aos transportes (ferrovias), municípios, imobiliário e energia foi de uma forma geral afetada. 

As experiências resultantes do furação Sandy, em particular o seu percurso e nível de impacto, levaram a uma nova realidade para os seguradores de Property. Dada a concentração dos prejuízos, tanto os seguradores como os resseguradores começam a ver os riscos patrimoniais no Nordeste dos EUA por um novo prisma.

Embora seja prematuro calcular o impacto que este evento vai ter sobre preços e capacidade, sabemos que os termos e condições de cobertura para os riscos de tempestades naturais serão provavelmente redefinidos:

● Considerando a reduzida retenção de risco por parte dos segurados verificada neste evento (franquias reduzidas) poderá haver lugar a negociações sobre a adequação das franquias existentes para os diferentes tipos de riscos resultantes de tempestades naturais;

● Franquias e preços das coberturas de riscos desta natureza no Nordeste vão por certo aumentar.

● Poderá verificar-se ao nível da cobertura do risco de inundações em zonas adjacentes do Nordeste com maior exposição uma maior exigência no estabelecimento dos limites de indemnização. Alguns seguradores podem limitar a sua capacidade de aceitação da cobertura de danos por vento e inundação no Nordeste;

● A indústria seguradora pode começar a aplicar princípios de agregação, semelhantes aos utilizados no Golfo e Sudeste dos Estados Unidos;

● Os modelos da indústria seguradora podem ser examinados com mais profundidade e a exposição aos riscos de tempestade nas regiões centro- atlântica e do Nordeste dos EUA pode ser reavaliada;

● Apostar-se-á cada vez mais na engenharia e numa aposta mais agressiva da construção de modelos que melhor permitam avaliar os riscos de inundação. Estarmos preparados é a melhor resposta. Aconselhamos os nossos brokers parceiros do nordeste dos EUA, bem como os nossos clientes, a rever e clarificar o wording, os termos e condições das suas apólices para assegurar que estejam bem preparados para quaisquer acontecimentos futuros;

● Definir o conceito de tempestades; furacões e outros fenómenos naturais nas suas apólices e assegurar que todos os corretores ou agentes envolvidos no negócio estão em linha com essa definição; Assegurar que a velocidade dos ventos, as franquias, bem como fatores de ativação da apólice (trigger), estão claramente definidos;

● Identificar e melhorar as lacunas de cobertura;

● Estudar e compreender a frequência dos ventos, inundações e tempestades no Nordeste americano para além do que os modelos da indústria seguradora tradicionalmente preveem – devemos aprender revendo a história com os nossos corretores. O pleno impacto do furacão Sandy ainda levará algum tempo a ser compreendido pelo mercado de Property. O preço será sempre um fator relevante para a decisão do subscritor oferecer ou não cobertura para inundações, sismos e ventos. Contudo, serão a clareza dos termos e condições de cobertura destes riscos, as suas características individuais e, mais importante ainda, a adequação das franquias a aplicar, a fundamentar, em última análise, a tomada de decisão do subscritor.


Por Mike Nardiello, AIG


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