Grupo Argo

O entusiasmo – e também a consternação – face à mudança nunca andam longe das mentes e, claro, dos conselhos de administração do setor segurador. Há uma razão para tal. Embora o setor tenha estado em permanente mudança ao longo da minha carreira, e já assim fosse muito antes de entrar na indústria no início da década de 90, a natureza da mudança é hoje diferente. Agora, centra‑se na tecnologia: automatização, digitalização, inteligência artificial e outros factores que exigem mudanças diferentes daquelas que estamos habituados a gerir.

Estas novas tecnologias e formas de fazer negócio significam que os seguradores têm de compreender de forma muito clara as suas competências fundamentais. Acabaram‑se os tempos em que as empresas podiam ter sucesso em todos os ramos, segurando tudo através de múltiplos canais de distribuição espalhados por várias geografias. Mesmo os maiores players do setor reconhecem que o foco é fundamental. Os seguradores e corretores que não reagirem fazendo investimentos seletivos e ponderados nas tecnologias que apoiam as suas competências essenciais terão dificuldade em sobreviver.

O foco internacional do Grupo Argo é gerir os riscos de especialidade das empresas nossas clientes que têm mudado com o novo ambiente tecnológico. Corretores e clientes têm de entender os riscos emergentes com que as empresas se debatem e estar dispostos a interagir ativamente com os seguradores, de forma tripartida, para que se implementem as soluções certas para lidar com esses riscos.

Em última análise, a nossa missão é ajudar a proteger o negócio dos nossos clientes.

Fazemo‑lo dando‑lhes segurança e estabilidade. Para o conseguir, necessitamos de uma grande proximidade nas nossas parcerias, que nos permita compreender a estratégia de negócio de cada cliente e as indústrias em que atuam. Isso permite‑nos identificar e antecipar os riscos que têm de enfrentar. As nossas competências fundamentais não estão nas relações de natureza transacional mas na informação aprofundada e consistente que podemos recolher de um diálogo significativo e regular. Dispomos de um vasto conhecimento e competências de subscrição e temos assistido ao desenvolvimento de múltiplos cenários em várias indústrias.

Quando as relações tripartidas são fortes, somos capazes de aplicar essa experiência traduzindo‑a em vantagens para os clientes. É essencial a gestão de relações através de reuniões regulares entre nós, os corretores e os clientes.

A aquisição de talento é fundamental para assegurarmos o nosso sucesso e apoiar o dos nossos clientes num cenário de gestão de risco e seguros em mudança. Em todos os elos da cadeia de valor da nossa indústria, a procura de profissionais altamente qualificados é maior do que nunca. Em todas as jurisdições onde atuamos pelo mundo fora, continuaremos a procurar profissionais que dominem a sua especialidade.

Esta é uma das prioridades fundamentais dos negócios internacionais da Argo, que atingiram uma escala significativa nos últimos três anos e agora representam cerca de metade do prémio bruto total subscrito pelo Grupo Argo. Esse êxito resulta em grande parte do nosso investimento em pessoas com elevado know how na sua área de especialidade.

Estamos essencialmente focados na oferta de seguros em linhas de negócio como a responsabilidade civil profissional, acidentes pessoais e saúde, marítimos e energia, patrimoniais e, em certos mercados, seguro de caução. Continuaremos a concentrar‑nos no desenvolvimento da nossa posição de liderança internacional nestas linhas.

A tecnologia será essencial. O Grupo Argo conseguiu um sucesso notável introduzindo soluções digitais proprietárias em muitos mercados, por exemplo, com o Protector na América Latina e o Argo Pro nos EUA.

Estas plataformas web permitem aos corretores oferecer coberturas de seguro digitalmente, a partir dos seus computadores. Pretendemos introduzir soluções semelhantes a nível internacional no futuro.

Nos bastidores, estamos a implementar as tecnologias mais recentes para eliminar custos de fricção. Mas, é claro, a tecnologia nunca será uma solução mágica.

Antes de entrar no Grupo Argo, estive quase dez anos na AIG. Foi lá que aprendi a importância crítica da colaboração, especialmente numa organização que operava em vários países do mundo. Alcançar alvos ambiciosos e metas ideais exige o apoio de um grande número de pessoas.

À medida que a Argo continua a crescer e se torna um player internacional de relevo, devemos todos reconhecer como é importante trabalharmos em conjunto e evitar a mentalidade de isolamento. Isto aplica‑se tanto ao trabalho com corretores e clientes como às operações internacionais: os melhores resultados são atingidos se os procurarmos em conjunto.

De igual importância para uma empresa internacional, e isto aprendi‑o no início da minha carreira, é a importância de compreender as diferenças culturais. Vivi e trabalhei em oito países diferentes, o que me demonstrou claramente que não existem soluções universais.

A sensibilidade cultural – compreender os assuntos políticos e económicos, bem como as nuances locais de fazer negócio e da interação interpessoal – é crítica para o sucesso em todos os mercados. Ao desenvolver os negócios internacionais da Argo, a nossa equipa de especialistas aborda cada oportunidade com o conhecimento cultural que os clientes esperam.

A Argo assumirá valores locais ao adotar disciplinas e prioridades em cada ambiente onde decida atuar. Para ter sucesso, são essenciais o talento e tecnologia certos.

Finalmente, a posição de liderança que queremos alcançar nos nossos nichos num setor segurador em constante mudança exige uma visão para além do óbvio. Só com um olhar atento descobriremos as verdadeiras oportunidades e locais que nos levarão ao crescimento rentável, capacitarão os corretores com novos e interessantes produtos, e trarão soluções novas e de grande valor para os negócios e empresas de todo o mundo. 

A Argo realizou um inquérito junto de corretores e pequenas e médias empresas (PMEs) no Reino Unido e EUA para saber a sua visão da evolução do cenário dos seguros, como pensam que essas mudanças as afetarão e como pretendem reagir.
E qual foi a principal lição que aprendemos? Que havia várias lacunas em termos de conhecimento porque certas áreas do risco, especialmente o ciber‑risco e as alterações climáticas, estão a evoluir muito rapidamente e de forma complexa.
Uma consequência é que estas lacunas podem levar à falta de ação. Embora a indústria seguradora esteja posicionada para liderar, enfrenta um cenário iminente de falta de talento e tem dificuldade em atrair uma nova geração de pessoas capazes de analisar e subscrever riscos emergentes.
O desafio para o setor segurador é claro, assim como a oportunidade de uma nova geração ajudar as PMEs a singrar por entre incertezas e riscos em mutação.

Pode ver o relatório digital completo em www.argolimited.com/reports/2018‑midyear‑report.