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Swiss Re Promove a Resiliência Climática

O risco climático pode ser evitado de forma economicamente eficiente

Swiss Re Promove a Resiliência Climática
Existe uma diferença simples mas crucial entre tempo e clima. A palavra tempo designa combinações individuais de fenómenos como a temperatura, a precipitação, o vento e ainda outros, à medida que estes surgem e se alteram diariamente, se não mesmo de hora em hora. Clima, por outro lado, é o estado geral do tempo ao longo de grandes períodos, normalmente superiores a 10 ou 15 anos. Esta diferença entre o caráter transitório e de curto prazo do tempo e o caráter semi-permanente, de longo prazo, do clima dá-nos a chave para compreender o que se quer dizer com alterações climáticas1.

Atualmente, o aquecimento global é um facto. Desde o princípio da industrialização e do crescimento célere da população mundial que as atividades humanas – juntamente com a variabilidade natural – contribuem para as alterações do clima, que se manifestam sob a forma de um aumento considerável da temperatura global2.


É necessária uma visão económica da adaptação

A alteração do clima tem potencial para se tornar o maior desafio ambiental do séc. XXI no nosso planeta. As tendências climáticas continuam a expor populações locais a desafios crescentes e aos custos, cada vez maiores, de proteger a sua propriedade contra riscos relacionados com o clima. Estes vão desde tempestades mais frequentes e graves, inundações, secas, ondas de calor e outros desastres naturais até à subida do nível do mar, colheitas arruinadas e escassez de água
4.

Uma das principais resseguradoras mundiais, a Swiss Re está empenhada em assumir um papel de liderança no debate sobre as alterações climáticas. Num estudo pioneiro sobre a Economia da Adaptação ao Clima (Economics of Climate Adaptation, ECA) a Swiss Re e outras organizações de perfil elevado desenvolveram uma metodologia para quantificar riscos climáticos locais e fornecer aos agentes decisores os factos de que estes precisam para conceber uma estratégia de adaptação ao clima que seja economicamente viável5.

A ECA fornece aos agentes decisores, a nível local e nacional, os factos e a estrutura para desenvolverem uma estratégia de adaptação e demonstrarem o papel das medidas de transferência de risco através de seguros (6). Estudos de caso em 17 regiões de todo o mundo, desde Maharashtra na Índia até à Florida nos EUA e ao norte de Inglaterra, mostraram que se poderão evitar até cerca de 68 por cento das perdas previsivelmente resultantes de alterações climáticas através da utilização de medidas de adaptação economicamente viáveis (7).


O risco climático pode ser evitado de forma economicamente eficiente
Um dos locais avaliados deste modo pelo grupo de trabalho ECA inclui a cidade de Hull – uma área economicamente desfavorecida que atravessa um período de remodelação urbana, localizada na costa do Mar do Norte, numa das regiões mais vulneráveis de Inglaterra.

Embora o Reino Unido esteja melhor adaptado aos riscos climáticos do que muitos outros países, as alterações extremas do estado do tempo têm a possibilidade de causar danos económicos significativos. Situada no ponto de confluência de dois rios, a cidade de Hull está sob ameaça constante de inundação de água doce. Mas a sua localização costeira e baixa altitude em relação ao nível do mar também acarreta risco de ventos fortes e inundações provocadas pela subida das águas marítimas. Projeta-se que as alterações climáticas aumentem a ameaça colocada por estes três riscos e agravem os danos causados a diferentes tipos de propriedade.

Hull é, pois, um nítido exemplo de como uma abordagem sistemática à gestão de risco pode ajudar a reduzir perdas potenciais derivadas de múltiplos riscos e promover o desenvolvimento económico numa região que evidencia uma concentração crescente de bens expostos aos riscos provenientes das alterações climáticas.

A implicação deste facto para os decisores locais é que, enquanto Hull, por um lado, irá beneficiar dos esforços de melhoria das defesas atuais, por outro, garantir o percurso regenerativo da cidade, exigirá precauções contra todos os riscos potenciais, bem como uma gama de cenários de alteração climática possíveis, incluindo os mais extremos.

No caso dos sinistros de frequência muito reduzida, transferir o risco, ao invés de prevenir diretamente as perdas esperadas, será decerto o componente economicamente mais viável da solução local de adaptação que a cidade possui. Estas medidas incluem a melhoria da penetração, por parte das seguradoras, no mercado dos bairros sociais, bem como a expansão do plano da administração camarária que consiste em encorajar os inquilinos de residências camarárias a contratar seguros que garantam as casas em que habitam(9).


Alterações climáticas: Factos e Números 3

Após a última idade glaciar, i.e., há cerca de 11.000 anos, o clima da terra tornou-se relativamente estável, apresentando a temperatura global uma média de 14ºC. Mas, no decurso do último século, o clima tem-se alterado a um ritmo invulgar. Em primeiro lugar, a temperatura média subiu cerca de 0.8ºC desde 1900 (Figura 2) e as temperaturas médias na primeira década deste século têm estado, de forma consistente, entre as mais elevadas alguma vez medidas.

Em segundo lugar, os padrões de precipitação alteraram-se significativamente em diversas regiões. Em terceiro lugar, os eventos climáticos extremos têm-se tornado mais frequentes e graves. Através de extensa pesquisa e numerosos estudos, a comunidade científica chegou a um consenso abrangente sobre as causas subjacentes a estas alterações.

Há fortes indícios de que o aumento observado nas temperaturas médias globais é causado por concentrações crescentes de gases de estufa na atmosfera. Trata-se de gases como o dióxido de carbono (CO2), metano e outros que retêm o calor na atmosfera terrestre - em moderação isto seria bom, mas não em excesso.

A concentração atmosférica de CO2, o gás de estufa de maior importância, subiu 38% desde 1850, de 280 a 380 partes por milhão (PPM). Este forte aumento não se pode explicar apenas por variações naturais. De acordo com o consenso da comunidade científica, é "muito provável”, ou seja, pelo menos 90% provável, que este aumento tenha sido causado pela atividade humana, sobretudo a queima de combustíveis fósseis e a agricultura. Os modelos científicos que levam em conta estas emissões adicionais refletem a subida real de forma bastante exata.

O relatório especial "Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation” (Gerir os Riscos de Eventos e Desastres Extremos para Promover a Adaptação às Alterações Climáticas), 2012, da autoria do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas, menciona alterações de relevo projetadas para os extremos climáticos no séc. XXI:

● Aumento muito provável da duração, frequência e/ou intensidade das vagas de calor em quase todas as áreas terrestres;

● Aumento provável da frequência de precipitação intensa ou aumento da proporção de pluviosidade total dada a intensidade da precipitação, em várias áreas do globo;

● Confiança média num aumento projetado da duração e intensidade de secas em determinadas regiões do mundo;

● Muito provável antecipação dos picos de caudal na primavera, dos rios alimentados por degelo de neve ou por glaciares;

● Muito provável que o aumento médio do nível do mar contribua para a tendência de subida extrema da maré alta em zonas costeiras;

● Elevado grau de convicção de que as alterações das vagas de calor, recuo dos glaciares e/ou degradação dos gelos permanentes afetem fenómenos montanhosos de elevada altitude, como a instabilidade das encostas, movimentos de terra maciços ou inundações súbitas provenientes de lagos glaciares;

● Elevado grau de convicção de que as alterações na precipitação intensa afetem os deslizamentos de terras em determinadas regiões.


A prevenção e os seguros reforçam-se mutuamente 
A "Costa Energética” da América, uma faixa de terra que vai do Texas costeiro ao Alabama, passando pela Louisiana e Mississippi, concentra a maior parte da indústria de extração de petróleo e gás natural dos Estados Unidos.

A costa americana do Golfo do México já enfrenta sérios riscos provocados pelos furacões e outras tempestades violentas. As alterações climáticas, combinadas com o crescimento económico e com o aluimento dos solos, poderão levar a um aumento de 65 por cento nos danos na região ao longo dos próximos vinte anos.

A Entergy Corp., terceiro maior fornecedor de eletricidade dos Estados Unidos, encomendou um estudo para avaliar o impacto dos riscos naturais na economia da zona costeira do Golfo do México. O estudo mostra que estão disponíveis várias medidas de adaptação razoáveis do ponto de vista económico, para evitar grande parte dos danos esperados.

Entre as medidas mais atrativas de adaptação encontra-se a melhoria dos códigos de construção civil, o reforço das praias e o reforço estrutural de tetos e telhados. Mesmo assim, estando disponíveis medidas de prevenção economicamente viáveis em diversos locais, não há indivíduo, organismo público ou empresa que consiga prevenir-se contra perdas oriundas de todo e qualquer sinistro possível. Tal é especialmente verdadeiro no caso de riscos improváveis ou que só possam ser evitados a grande custo. A prevenção e a transferência de riscos reforçam-se mutuamente.

Sendo os seguros um componente útil em qualquer solução de adaptação, manter os preços dos seguros sob controlo minimizando o risco residual através de medidas de prevenção é igualmente importante(10). As parcerias público-privadas ajudam a enfrentar o risco de inundação no Brasil Outrora considerada uma "zona segura” contra os desastres naturais, o Brasil enfrenta ameaças crescentes de inundação, que colocam pessoas, infraestruturas e empresas em risco.

Espera-se que tanto a ocorrência como o impacto das inundações aumentem no Brasil. Durante o período 1900-2006, as inundações constituíram 59% dos desastres naturais e os deslizamentos de terras, que são normalmente despoletados por chuva intensa e inundações, representaram 14%. As alterações climáticas deverão levar ao aumento da frequência e da intensidade da precipitação nesta área, o que constituirá uma das principais causas de inundações.

Os prejuízos sociais e económicos continuarão a aumentar, dado o célere desenvolvimento socioeconómico e uma concentração cada vez maior de pessoas e atividades económicas nas áreas urbanas. As perdas anuais esperadas subirão substancialmente, de mil e quatrocentos milhões USD para quatro mil milhões USD. Para evitar falhas críticas no desenvolvimento económico é essencial aplicar medidas abrangentes, tanto de prevenção como de adaptação ou transferência de riscos.

No que toca à abordagem do risco de inundação no Brasil, atualmente, as operações de resgate ou socorro em emergências tomam precedência sobre as medidas de prevenção. Contudo, as medidas de adaptação podem ser implementadas de modo a reduzir as perdas anuais esperadas em mais de um terço até 2030. Torna-se evidente que o planeamento urbano, melhores exigências de construção civil, sistemas de escoamento e projetos de estabilização dos solos das colinas previnem perdas económicas de valor superior ao dos custos associados a estas medidas).

Juntamente com um sistema de alerta antecipado e campanhas de sensibilização, estas medidas formam uma solução de adaptação integral. Nem todas as perdas são evitáveis, especialmente as decorrentes de sinistros de baixa frequência e alta gravidade, tal como, por exemplo, uma inundação cuja intensidade ultrapassasse qualquer outra dos últimos 100 anos. Estes sinistros são melhor abrangidos pela transferência de riscos.

Dada a baixa penetração dos seguros no país, o grosso das perdas é financiado por orçamentos públicos e privados. O financiamento pré-sinistro através de numerosos programas de seguros é um meio mais eficaz de lidar com os riscos de inundação, comparado com o financiamento às operações de resgate, socorro e assistência. Fortalecer o mercado de seguros para proprietários de residências e edifícios comerciais, programas de micro-seguro contra inundações e soluções inovadoras de seguro para o setor público são modos importantes de desenvolver a capacidade de recuperação dos riscos climáticos nesta região (11).

Os três estudos de caso da ECA revelam o desenvolvimento económico e as alterações climáticas como fatores impulsionadores fundamentais nas perdas climáticas futuras. Adicionalmente, os casos de Hull, da costa americana no Golfo do México, e do Brasil, demonstram que a solução de adaptação inclui toda uma gama de medidas e combina a prevenção e transferência de riscos com as parcerias público-privadas. A Economia da Adaptação Climática apresenta uma necessidade premente de se tomar medidas imediatas – iniciar desde já um processo de adaptação custará muito menos do que ficar de braços cruzados à espera dos desastres.


1 - Corporate Responsibility Report (Relatório de Responsabilidade Empresarial), página 64 
2 - A nossa posição e objetivos http://www.swissre.com/rethinking/climate/our_position_and_objectives.html
3 - Corporate Responsibility Report (Relatório de Responsabilidade Empresarial), página 64 http://media.swissre.com/documents/2011_SwissRe_CorporateReponsibility_Rpt.pdf 
4 - Ultrapassar o impacto das alterações climáticas
5 - Fortalecer a resiliência climática http://www.swissre.com/rethinking/climate/Strengthening_climate_resilience.html 
6 - O que a Economia da Adaptação ao Clima significa para os seguros http://www.swissre.com/rethinking/climate/what_does_economics_of_climate_adaptation_mean_for_insurance.html 
7 - Ultrapassar as alterações climáticas: Soluções de seguro que criam comunidades com maior capacidade de recuperação, 2010 http://media.swissre.com/documents/pub_climate_adaption_en.pdf Ultrapassar o impacto das alterações climáticas http://www.swissre.com/rethinking/climate/Weathering_climate_change.html http://www.swissre.com/rethinking/climate/Strengthening_climate_resilience.html 
8 - Swiss Re, A nossa posição e objetivos http://www.swissre.com/rethinking/climate/our_position_and_objectives.html
9 - Economics of Climate Adaptation (ECA) – A Factsheet on urban resilience / Economia da Adaptação Climática (ECA) – Relação de Factos sobre Resiliência Urbana http://media.swissre.com/documents/Economics_of_Climate_Adaption_UK_Factsheet1.pdf http://www.swissre.com/rethinking/climate/Hull_United_Kingdom_A_holistic_approach_to_multiple_hazards.html 
10 - Building a Resilient Energy Gulf Coast – Construir uma Costa Energética no Golfo do México com Capacidade de Recuperação http://media.swissre.com/documents/Entergy_study_exec_report_20101014.pdf http://www.swissre.com/rethinking/climate/Building_a_resilient_Energy_Gulf_Coast.html
11 - Staying on top of flood risk in Brazil – Acompanhado o risco de inundações no Brasil http://media.swissre.com/documents/Staying_on_top_of_fl ood_risk_in_Brazil.pdf http://media.swissre.com/documents/Acompanhando_o_risco_de_inundacoes_no_brasil.pdf http://www.swissre.com/rethinking/natcat/Flood_risk_on_the_rise_in_Brazil.html
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