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A Internet das Coisas

Ainda que todos pensem que o termo ‘Internet das Coisas’ é muito novo, a realidade é que ele foi usado publicamente pela primeira vez em 1999.Kevin Ashton, executivo da Procter & Gamble (P&G), o utilizou em uma palestra sobre a distribuição de produtos, discutindo tentativas de conectar as embalagens à internet de alguma maneira.Por Cesar Rodriguez, AXISMED

A Internet das Coisas
Simplificando, podemos definir IoT (do inglês, Internet of Things) como uma rede gigante de "coisas”
(pessoas, prédios, carros, aviões e outros) conectadas entre si de forma individual ou coletiva.

A tecnologia permite que, a partir de qualquer lugar do mundo onde haja conectividade de internet, qualquer objeto possa gerar informação útil e compartilhável em tempo real (ou com uma certa latência) com outras coisas ou pessoas da rede.

Com essa informação, é possível tomar decisões concretas sobre problemas e necessidades imediatamente.  Um exemplo concreto para sair da teoria: a IoT hoje permite que o técnico enólogo, em um laboratório de uma adega em Barcelona, decida em tempo real se precisa ou não gerar maior umidade na terra de uma fazenda no interior da Austrália onde a próxima colheita de uva está crescendo.

Estamos no início da transformação que a IoT trará à economia mundial e às atuais estruturas sociais. Ainda não testemunhamos nem 10% da mudança que trará para nossas vidas nos próximos 20 anos!

Especialistas concordam que a Inteligência Artificial e a IoT serão os aceleradores da transformação radical que nossa sociedade vivenciará nos próximos anos, mudanças que estarão entre as maiores da história da humanidade – superiores à revolução da internet, à revolução industrial ou ao descobrimento da escrita.

E na indústria seguradora, qual será o impacto? A IoT será fundamental para manter o nível de competitividade e eficiência, além de representar uma grande possibilidade de crescimento para a indústria através da definição de novos modelos de negócio, muito mais flexíveis e adequados a cada tipo de cliente.

Hoje existem seguradoras que têm a capacidade de mudar o preço da franquia do seguro do carro segundo o perfil do motorista (o sistema "pay as you drive”) em função da informação enviada por um sensor instalado no carro. Ele controla as horas dirigidas, a velocidade e até uma freada brusca.

O mesmo acontece na área da saúde: com dispositivos conectados, é possível saber quão saudável são os hábitos de um paciente para aplicar o preço em sua franquia (o sistema "pay as you live”). As insuretechs já são uma realidade, e os players tradicionais da indústria têm que acelerar seu processo de transformação digital para não ficar de fora das novas oportunidades que surgem. 

Mas a IoT levanta também uma grande discussão: até onde ela pode ser intrusiva, afetando nossa privacidade? Toda nossa vida ficará sob controle quando as equipes e tudo o que utilizamos em nosso cotidiano enviarem informações sobre nós e nossas famílias? Precisamos regular de forma correta o uso das informações pessoais que estarão circulando pelas redes. Precisamos de um novo marco legal e ético do mundo digital, já que ele é parte do nosso mundo real.

O nascer de uma nova era
Estamos só no início de uma nova era. Previsões da GSMA mostram que existirão 25,2 bilhões de "coisas” conectadas no mundo em 2025, e que vamos ter redes de telecomunicações com capacidades superiores à fibra óptica ou à tecnologia 5G. Isso vai tornar o sonho realidade: cidades inteligentes; aviões voando sozinhos; controle sobre o cultivo de alimentos e o clima para desviar tormentas e proteger as operações agrícolas; geração de chuva em regiões secas; veículos inteligentes para prever acidentes; chips implantados para detectar problemas de saúde. Em resumo: novos modelos sociais, de negócio e de vida que hoje não conhecemos. •



Cesar Rodriguez
Nascido em Barcelona em 1975, Cesar Rodriguez é engenheiro de telecomunicações com MBA na ESADE Business School e graduação no Advanced Management Program da Kellog Business School.
Passou grande parte da carreira trabalhando no Grupo Telefônica, onde atuou nos últimos dez anos como executivo em várias posições de negócios, como em desenvolvimento digital na Espanha, Colômbia, Brasil e na Corporate Global Division.
É CEO da Axismed, filial do Grupo Telefônica focada no desenvolvimento de modelos mais eficientes de gerenciamento de saúde populacional. Fala espanhol, 
catalão, inglês e português. Seus hobbies incluem assistir ao Barcelona

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