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Economia de partilha para viagens de negócios

Vantagens, riscos e considerações legais

A partilha peer to peer1 de bens e serviços, incluindo serviços de transporte e alojamento através de empresas como a Uber e a Airbnb, causou uma transformação sem precedentes nas viagens de lazer.

Embora estes serviços não tenham ainda atingido o mesmo grau de popularidade entre as pessoas que viajam por razões profissionais, os especialistas acreditam que é só uma questão de tempo até que tal aconteça.

Os serviços peer to peer tiram proveito do uso de tecnologia que liga consumidores a prestadores de serviços, proporcionando maior flexibilidade, facilidade de utilização e, na maioria dos casos, melhor relação qualidade/preço.

Num momento em que a confiança dos consumidores na economia de partilha se generalizou, atingindo um nível assinalável, estas empresas intermediárias inovadoras estão a dirigir a sua atenção para as pessoas que viajam por razões profissionais.

Agora que os prestadores de serviços da economia de partilha começam a oferecer soluções para viagens de negócios e a criar sinergias com outras aplicações empresariais, entre as quais aplicações de comunicação de despesas e de monitorização de viagens, há cada vez mais organizações a considerar seriamente experimentar estes serviços pelo menos uma vez.

No entanto, as vantagens financeiras nunca deverão ser o único critério a ter em conta na adoção de serviços novos. A utilização de serviços de economia de partilha para viagens de negócios cria aos empregadores novos desafios em termos de risco, que têm de ser geridos e mitigados.

Antes de permitir que os seus trabalhadores ou colaboradores externos utilizem serviços de economia de partilha para fins profissionais, nomeadamente serviços de transporte e alojamento, as organizações têm de determinar quais as razões de negócio para o fazer no contexto das políticas e dos procedimentos existentes.

A exposição das organizações é significativa, sendo previsível que venha a aumentar. De acordo com um inquérito2 levado a cabo pela International SOS em 2016, 27% das pessoas que viajaram por razões profissionais usaram serviços de partilha de transporte, como a Uber, nas deslocações ao estrangeiro, e quase metade prevê que a utilização deste tipo de serviços irá aumentar. Além disso, 22% preveem um aumento na utilização de serviços de partilha de alojamento, como a Airbnb.

A investigação indica que cerca de 75% das organizações não têm políticas e procedimentos claros respeitantes à utilização por parte dos seus colaboradores deste tipo de serviços para viagens de negócios. Esta falta de clareza parece afetar diretamente os colaboradores, tendo 40% respondido que não sabem se as organizações para as quais trabalham consideram estes serviços «seguros».

Steve Bell, sócio de uma sociedade internacional de advogados de referência, a Herbert Smith Freehills, afirmou: «A legislação local terá dificuldades em acompanhar os desenvolvimentos relativos aos serviços sociais e económicos.

Os empregadores que enviam colaboradores para o estrangeiro deverão conhecer as leis do país de destino, o perfil do risco dos serviços de economia partilhada em comparação com os serviços tradicionais e, acima de tudo, deverão guiar‑se pelo dever de diligência relativamente aos seus trabalhadores. Em geral, isto exige uma abordagem sofisticada de gestão do risco.»

Ao ponderar sobre os riscos associados ao alojamento, as vantagens de poupança de custos e de conveniência associadas à partilha de apartamentos ou casas têm de ser comparadas com as oferecidas pelos hotéis de negócios, que são, em geral, geridos por empresas reconhecidas internacionalmente. Habitualmente, estes hotéis têm padrões de segurança mais elevados, incluindo controlos de acesso e capacidade de resposta a situações de emergência.

Além disso, as organizações têm também de ter em consideração os serviços de partilha de transporte, mais frequentemente usados por trabalhadores em viagem do que os serviços de partilha de alojamento. Em países com uma classificação de risco entre baixa e média, os serviços de partilha de transporte, como a Uber, podem oferecer a quem viaja funcionalidades adicionais de segurança pessoal, tais como a monitorização do automóvel e do condutor, a localização por GPS e transações virtuais.

No entanto, ao mesmo tempo, pode haver alguma incerteza sobre o historial e a perícia do condutor, bem como sobre a segurança do veículo.

A seleção do transporte e do alojamento deverá adequar‑se sempre às condições locais e ao perfil e itinerário do viajante. A utilização de serviços de partilha de viagens poderá ser adequada em alguns casos, mas não em outros.

Não existe uma abordagem única e universal à gestão do risco de viagem, e as políticas têm de considerar não apenas as localizações e os ambientes de risco específicos para os quais enviam trabalhadores, mas também os próprios viajantes. Idade, género, saúde, orientação sexual, etnia e experiência de viagens são características que influenciam o perfil de risco de uma pessoa, como também aquilo que vai fazer e o motivo e duração da viagem.

Restam poucas dúvidas de que os serviços de economia de partilha vieram para ficar e continuarão a evoluir noutros setores de serviços, criando opções alternativas para quem viaja por motivos profissionais e para os respetivos empregadores. A utilização destes serviços por parte das organizações exige uma avaliação e ponderação criteriosas por parte dos responsáveis das empresas, gestores do risco e trabalhadores em viagem.

Para ajudar as organizações nesta avaliação, os especialistas de segurança da International SOS elaboraram um relatório com recomendações de políticas e com listas de verificação abrangentes, que salientam o que é preciso ter em conta no caso específico das viagens por motivos profissionais.


Por International SOS


1Nota do editor: entre pares.
2O inquérito sobre economia de partilha em matéria de viagens é realizado pela International SOS a 707 pessoas do mundo inteiro, sobretudo a responsáveis pela gestão de viagens de negócios ou às próprias pessoas que viajam por motivos profissionais. A pesquisa foi levada a cabo via Internet, entre 26 de abril e 20 de maio de 2016.
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