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Furacão Sandy: A perspetiva dos peritos

A indústria pode sentir-se grata pelo facto de Sandy não ter sido tão severo como o furacão Katrina. Podia ter sido muito pior.

Furacão Sandy: A perspetiva dos peritos
Outubro aproximava-se do fim. A nossa unidade de Resposta a Catástrofes estava quase a suspirar de alívio. O pico da época dos furacões em 2012 parecia ter passado. Cedo chegaria o dia 1 de dezembro, que marca o fim da estação das tempestades tropicais. Foi então que apareceu o furação Sandy…

Pouco depois de a tempestade se formar a sul da Jamaica, começámos a tomar precauções. Os peritos ficaram em estado de alerta caso esta tempestade de fim de estação se tornasse uma ameaça.

Começámos a reunir diariamente para preparação do nosso trabalho. Examinámos vários cenários para avaliar os possíveis impactos do Sandy. Podia acabar por não dar em nada… ou podia transformar-se numa tempestade terrível. Jogando pelo seguro, estabelecemos um Centro de Acompanhamento e Emergência em Richmond, na Virgínia.

Se entrássemos em ação, os peritos, vindos de todos os cantos dos EUA, apresentar-se-iam aí ao serviço, de forma a serem integrados nas operações em curso. O furacão Sandy ainda estava ao largo da Flórida quando ativámos o primeiro grupo de cerca de 100 peritos. Uma Equipa de Avaliação, composta de especialistas em Compliance, Tecnologias, Finanças, Recursos Humanos e gestores operacionais, iria ao encontro desta primeira vaga de peritos em Richmond.

A decisão de pré-ativar as operações nunca é fácil. Pode significar o gasto de dezenas ou mesmo centenas de milhares de dólares sem resultados visíveis, caso a tempestade se desvie para o mar. Se a tempestade atingir terra, então a nossa decisão não tem preço. Enquanto as duas equipas convergiam, o furacão Sandy passou ao largo da costa da Virgínia. A previsão de que a tempestade nos iria afetar tornou-se mais certa. Precisaríamos de uma resposta de maior dimensão. Nos dois dias seguintes, cerca de 200 peritos adicionais deslocar-se-iam para o centro das operações de Richmond. Mais peritos seriam enviados após a chegada da tempestade a terra. 

Operações

A peritagem tradicional no terreno representou o maior segmento das nossas operações. Contudo, outros peritos foram integrados nas operações dos seguradores. Outros ainda trabalharam em unidades remotas, de triagem rápida, para lidar com sinistros de baixa gravidade pelo telefone. A maior parte dos relatórios foi transmitida pela Internet e aproximadamente 25 Gestores de Equipa trabalharam remotamente como revisores desses relatórios de peritagem.

Um grupo separado de supervisores colocado no terreno fez 0 acompanhamento dos peritos, mantendo um ponto de contacto entre seguradores e corretores e realizando novas peritagens. Dois centros de gestão dirigiam as operações no terreno. As perdas complexas ou de grande dimensão eram controladas a partir de um gabinete permanente em Manhattan, enquanto as tarefas de rotina eram transferidas para um gabinete temporário de resposta a sinistros catastróficos em Allentown, na Pensilvânia. A coordenação global manteve-se sob a responsabilidade da nossa sede em Atlanta. 

O furacão Sandy abateu-se sobre a linha costeira numa das áreas mais densamente populadas dos EUA. Para muitos seguradores, o maior desafio era lidar com o grande número de reclamações, não com a sua gravidade. A escassez de gasolina cedo se tornou um problema crítico. Sem eletricidade, as estações não podiam fornecer combustível. Formaram-se filas imensas nas bombas que tinham eletricidade. Pelo menos um perito disse a um segurado: "Não tenho gasolina. Se puder vir buscar-me, posso ir inspecionar a sua perda” (o segurado compreendeu perfeitamente. Ele também não tinha combustível).

O alojamento dos peritos também se revelou problemático. Os evacuados tinham esgotado a lotação dos motéis locais e muitos profissionais foram obrigados a viajar longas distâncias para chegar às suas áreas. Entre as filas para abastecer e os tempos de viagem, a eficiência sofreu bastante nas primeiras duas ou três semanas. Muitos locais tinham sofrido estragos provocados por vento e por inundação.

Uma vez que as apólices tradicionais excluíam o perigo de inundação, os peritos tinham de conseguir com que os engenheiros examinassem os estragos rapidamente. As suas decisões sobre a causa do dano orientariam os peritos. O facto de se estar a operar sob nove jurisdições e legislações distintas levou a uma maior complexidade. Muitos peritos necessitaram de obter licenças de emergência em diversos estados para atuarem em conformidade com a legislação desses estados Tecnologia Cada tempestade tem características que a tornam memorável e nisso o furacão Sandy não é diferente.

Neste evento há a destacar o papel determinante da tecnologia evento. Os danos chegaram ao conhecimento dos peritos muito mais rapidamente do que em ocasiões anteriores. Através do pré-planeamento com dois seguradores, as reclamações foram transmitidas eletronicamente e quase instantaneamente integradas no nosso fluxo de trabalho. Os benefícios foram enormes.

A tecnologia também desempenhou um papel importante na visão estratégica das operações, e o nosso pessoal do Centro de Comando em Atlanta teve de transmitir informação em quantidades verdadeiramente inesperadas. O Centro de Comando gerava uma quantidade gigantesca de dados, mas eram os analistas que "traduziam” estes dados em ações de gestão que sustentassem medidas a tomar. Modelos comparativos, análise de tendências, indicadores chave de desempenho, equilíbrio do volume de trabalho e mapeamento GIS fluíam a partir do Centro com regularidade diária, no mínimo. 


Conclusão 
Por agora as nossas operações relativas ao Furacão Sandy abrandaram. Restam apenas 5 mil casos de avaliação de danos. Os peritos estão a concluir o trabalho e a regressar a casa. Cedo entraremos numa fase de "limpeza” que deverá durar boa parte de 2013. Quer lhe chamemos furacão ou super-tempestade, estima-se que Sandy resulte em 1,38 milhões de reclamações, ficando somente atrás do furacão Katrina, com 1,74 milhões. Em termos logísticos, exigiu o mesmo tipo de preparação e resposta que o pior furacão a atingir os EUA nos anos mais recentes. A indústria pode sentir-se grata pelo facto de Sandy não ter sido tão severo como o furacão Katrina. Podia ter sido muito pior. 

NOTA: Por ironia do destino, o autor deste texto ia discursar em Manhattan no dia em que o Sandy atingiu a orla costeira. O tema? O Furacão de Nordeste; Os Desafios Colocados na Resposta. Claro está, a apresentação foi cancelada.

Por Bud Trice, Crawford & Company


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