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Há ainda futuro para os seguros de saúde?

Há ainda futuro para os seguros de saúde?

Oenvelhecimento da população, o aumento das despesas de saúde e o crescimentodas desigualdades, que contribui para a instabilidade global,são algumas das principais tendências sociais que se espera que tragamconsequências económicas e sociopolíticas significativas.

A convergência e a combinação das novas tecnologias e doprogresso científico estão a reconfigurar o sistema de cuidados desaúde e o setor dos seguros de saúde.
Agenética permite identificar predisposições genéticas para certas doenças e aterapia genética permite planear tratamentos personalizados.

Ananotecnologia tem um enorme potencial, otimizando a precisão da administraçãode medicamentos. Nas ciências cognitivas, a investigação na áreadas interfaces cerebro‑maquinajá permite recuperar funções motoras, descodificandosinais fisiológicos do cérebro e transformando‑os em ações.

Acomputação quântica, que abre novas possibilidades para processar muito maisdados em simultâneo, milhões de vezes mais depressa, poderá trazer avanços emmuitas áreas, incluindo a descoberta de medicamentos e a inteligênciaartificial.

Asmudanças no sistema de cuidados de saúde para modelos de prestação de serviçoscentrados no paciente e nos resultados, assentam no empowerment dopaciente e em tecnologias de saúde conectadas. O poder cada vez maior dopaciente, devido ao acesso sem precedentes à informação sobre a sua saúde e ànecessidade de redesenhar a relação paciente‑fornecedor, visandoa participação mais ativa do paciente, está a criar novos modelos de cuidadosde saúde, tornando a medicina mais holística e preventiva.

Adisponibilidade de grandes volumes de informação sobre a saúde lançou asbases de uma medicina que faz uso intensivo dos dados pessoais, obrigando‑nos a enfrentar as questões éticas eda privacidade dos dados.

A regulamentação e a ética em causa no setor segurador
Coma globalização do setor, observamos tendências de convergência mundial no quediz respeito às medidas prudenciais relativas ao seguro e ao resseguro. Otríptico Dados‑Algoritmo‑Maquina pode colocar em causa osnossos quadros de referência antropológico, social, jurídico e ético.

Oregulamento da proteção de dados pessoais, já em aplicação mas ainda porharmonizar, dará nova forma ao tratamento de dados nos serviços de saúde e naindústria seguradora.

Nãosendo os benefícios da genómica pessoal questionáveis, esta área levanta questõeséticas, legais e sociais, e sabendo que a regulamentação sobre o uso de testesgenéticos ainda não está harmonizada a nível mundial.

Novosconcorrentes abalam a indústria do seguro de saúde: os operadores não tradicionais,cujo negócio e produtos utilizam tecnologias tais como a análise avançada, ainteligência artificial (AI) e a Internet das coisas (IoT), interferem nos processosempresariais ao longo de toda a cadeia de valor.

Novasformas de trabalho e organização económica, bem como novas comunidades, estão aredefinir os mercados tradicionais dos seguros, abrindonovos segmentos de mercado, tais como os peergroups e as comunidadesde interesse. Por exemplo, o Facebook tem mais utilizadores do que a populaçãoda China, e o Twitter tem o dobro da população dos EUA.



O seguro de saúde terá futuro?
Sim.Mas isso é menos claro para os seguradores de saúde... A menos que façammudanças significativas.

Mesmocom uma avaliação dos riscos mais precisa, o risco ainda se pode materializar,pelo que a incerteza permanece. O progresso na área da epigenética provou que osfatores externos, ambientais e comportamentais alteram a expressão genética,refutando o determinismo genético total.

Osseguradores devem deixar de estar simplesmente no negócio de quantificar eatribuir um preço ao risco, abandonando um modelo de negócio baseado naindemnização e apresentando uma oferta mais preventiva e personalizada.

Istopassa por desenvolver ofertas que não sejam apenas de seguros, tais comoserviços de saúde e programas de prevenção, como forma de mudar a relação comos tomadores dos seguros, passando assim de uma transação de curto prazo para umaparceria de longo prazo, com vista à melhoria dos resultados na saúde e os comportamentosdos segurados.

Asoportunidades de negócio devem ser aproveitadas pelo setor da saúde.

Devidoao aumento da globalização, a área dos seguros de saúde privados internacionaisregista uma taxa de crescimento anual de cerca de 11%.

Criare influenciar novas comunidades de interesse e transforma‑las emnovos mercados e canais de distribuição pode também ser o futuro das oportunidadesde marketing das empresas e dos corretores. Osseguradores também poderão fazer parte do sistema de saúde, operando estabelecimentosde cuidados de saúde numa abordagem holística do paciente‑segurado.

Ospre‑requisitospara o futuro do setor dos seguros de saúde passam por adotar uma perspetiva deecosistema, centrada nas necessidades dos consumidorese atendendo aos fatores determinantes da saúde.

Os seguradores devem construir umaestratégia de plataforma com interoperabilidade de TI, desempenhando o papel deporta de entrada para as necessidades dos clientes‑segurados, porque a apropriação darelação com o consumidor é a única forma de reduzir o risco de desintermediaçãopor outros stakeholders.

 

O setor da saúde entrou na era dos dados.
Novasferramentas e análises avançadas, proporcionando às empresas e aos corretoresuma compreensão muito mais profunda dos clientes, permitirão apresentar umaexperiência do paciente‑seguradomelhorada,

resultandonum aumento da receita e da fidelização do cliente. Para transformar os dadosrecolhidos num ativo útil, os seguradores devem romper as barreiras dainformação, unir bases de dados discrepantes, organizar a governação dos dadose considerar a algoritmia uma atividade central do negócio.

Os seguradores têmde reforçar a confiança e investir na privacidade dos dados e na ética nainteligência artificial, uma vez que, sem confiança, não haverá negócio. Assimsendo, a proteção de dados no setor dos seguros de saúde é essencial para asustentabilidade do setor. •

  


Jean‑Louis Davet

CEOadjunto da VYV, o maior segurador francês de saúde em França, que garante maisde dez milhões de pessoas (15% da população) e opera mais de milestabelecimentos de cuidadosde saúde. Iniciador e líder da transição digital e da estratégia de dados e deplataforma do grupo. Vice‑presidente da ICMIF (Federação Internacional deMútuas e Cooperativs de Seguros); presidente da Comissão de Saúde do InsuranceDevelopment Forum. Foi o principal motor da implementação em França e na EU donovo quadro prudencial para o setor segurador (Solvência II) e do desenvolvimentodo modelo mutualista dos seguros de saúde na China.

 

THE GROUP VYV

Líderfrancês de seguros e serviços de saúde, desenvolveu uma estratégia em forma deecossistema para abordar os principais fatores determinantes da saúde eabranger uma grande variedade das necessidades dos seus clientes‑pacientes‑residentes‑segurados.

Implementouprogramas de educação para a saúde, incluindo atividade física, exercício e desportosadaptados a todas as idades e estados de saúde, e desenvolveu um mercado deserviços para os seus tomadores de seguro.

AVYV opera uma grande rede de estabelecimentos de cuidados de saúde com váriasespecialidades médicas: centros médicos e de reabilitação, hospitais, clínicas,dentistas, oftalmologistas, lares de idosos, instituições psiquiátricas ecentros para pessoas com

deficiência.Também tem, em todo o país, centros auditivos, oculistas, farmácias, agênciasde transporte médico, lojas de equipamento médico, agências funerárias e redesde serviços de cuidados e de enfermagem ao domicílio. Investiu em alojamento

sociale de estudantes e em projetos inovadores relacionados com casas inteligentes,saudáveis e seguras assim como em cidades inteligentes.

Paraser um verdadeiro player de ecossistema, a VYV construiu e investiu emparcerias com operadores de outros setores.

 

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