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Inteligência Artificial

As evoluções tecnológicas são constantes e exponenciais. Suas aplicações na área da saúde tendem a ser ainda mais relevantes para todo o sistema: pacientes, profissionais e empresas.Por Guilherme Salgado, 3778 HEALTHCARE

Inteligência Artificial

AInteligência Artificial (IA) é a bola da vez. O mundo inteiro está fascinado  e apavorado com essa tecnologia.

Odesenvolvimento de uma visão crítica sobre IA é fundamental para que possamosnos preparar para tirar omelhor proveito dela.

Seusfundamentos teóricos surgiram ainda nos anos 1940, ou seja, estamos falando deuma tecnologia que vem se desenvolvendohá mais de 70 anos. Ela pode ser definida como um "modelo  computacional que simula uma tarefa intelectual”.

Emtermos mais acadêmicos, a IA é uma área da Ciência da Computação. Já em termosgerais, podemos dizer queela é uma excelente ferramenta para realizar classificações e predições. Assimcomo outros campos do conhecimento, a IA possui sub áreas e, dentre elas,aquela que mais se destacaé a chamada Aprendizado de Máquinas, ou MachineLearning.

Aplicaçõesda IA estão sendo utilizadas com êxito em diversas áreas do conhecimentohumano, desdesimulação de jogos até análise de crédito. Atualmente, não há mais dúvidassobre sua relevância.

Muitotem se discutido sobre o futuro do trabalho, das profissões, dos costumes e atémesmo da própria humanidade após o advento da IA. Vemos que existe uma propensãoa se difundir considerações negativasem detrimento de ideias positivas sobre a tecnologia. Eu prefiro ver o copomeio cheio!

Sabemos,por exemplo, que 40% do tempo dos profissionais de saúde é gasto em atividadesburocráticas. Entretanto, opaciente continua lá, necessitando de cuidados. Com a IA, teremos mais tempo paralidar com o que realmente importa: o ser humano em necessidade.

Váriosmodelos já estão sendo utilizados com sucesso e segurança. Podemos citar, porexemplo, a IA que identifica câncer de pele por meio de uma foto tirada com oauxílio de uma lente específica, acoplada à câmera de um celular.

Um outro modelo, desenvolvido pelo Google, é capaz de fazer mais de 50diagnósticos relacionados à visão comapenas um exame oftalmológico. Outro exemplo é a startup focada em radiologiaque possui algoritmos que diagnosticamcâncer de pulmão a partir da análise da radiografia do tórax.Imagine o impactopositivo de aplicações comoessas em localidades afastadas de grandes centros de especialidades, tão comunsem nosso país.

Temosoutros exemplos de modelos que conseguem auxiliar no acompanhamento remoto dopaciente.

Umastartup americana usa IA para, por meio de dados de smartwatch, realizar o diagnósticode diabetes sem nenhuma gota de sangue, com acurácia de 85%. Mesmo para aatenção primária já existem soluções disponíveis, como a ADA, um chatbotcanadense que, conversando com usuários sobre seus sintomas, sugere possíveisdiagnósticos com uma assertividade assustadora.

Sejaconsiderando o impacto clínico, a experiência do paciente ou o aspecto financeiro,estamos falando de acesso escalávelà saúde com qualidade!

Nós, da 3778 Healthcare, estamos imbuídos desse espíritode contribuir coma evolução das pesquisas e a aplicação da IA na saúde. Entre nossos projetos jáimplantados, podemoscitar um modelo preditivo para pacientes de alto risco: a partir do históricoda saúde populacional de umaorganização, prediz e aponta quem serão os pacientes de alto risco nos próximos12 meses.

O fato de trazer os possíveiseventos antes de acontecerem permite uma abordagem preventiva que  pode ter grande impacto para a saúde daspessoas e da população em geral.

Emum contexto clínico, temos resultados significativos na predição do tempo depermanência de pacientesa partir de três horas após sua internação. É incrível conseguir dizer quantosdias o paciente irá ficar internado,podendo orientar todo o time clínico em relação a desvios e pontos de atenção.

Nãomenos desafiantes são alguns de nossos novos projetos. O primeiro deles,juntamente com o maior serviço públicode radiologia da América Latina, usa redes neurais para determinar a idadecerebral por meio deressonância magnética, criando a base para a predição de demências.

Outroprojeto consiste em um sistema dealgoritmos preditivos para aumentar engajamento dos pacientes, individualizandoe antecipando recomendações e aprendendo continuamente melhores formas de relacionamentocom base em suas preferênciase necessidades clínicas.

Dito tudo isso, há uma ponderação importante a serfeita em meio a todo essehype: a IA nem sempre é a melhor alternativa para todas as situações, mesmonaquelas em que necessitamos depredição ou classificação a partir de grande volume de dados.


A tecnologia nãodirige a inovação. É o pensamento inquietoque nos leva a novas soluções, às vezes, utilizando as mesmas ferramentas deforma diferente. A IA podenos fazer voar cada vez mais alto, mas a vontade de sair do chão parte de nós. •

 


Por Guilherme Salgado

Émédico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais com residência emMedicina do Trabalho pelo Hospital das Clínicas dessa universidade e MBAem Gestão Executiva pelo INSPER. É coautor dos capítulos "Princípios e Práticasde Promoção da Saúde no Trabalho” e "Tensões por Trocas Térmicas: Calor” nolivro Patologia do Trabalho. Tem grande experiência profissional, tendo sidosocio‑consultor da Rene Mendes Consultoria, superintendente de benefícios do bancoSafra e consultor da Organização Internacional do Trabalho e do Health CesarInstituto. O profissional também foi consultor de novos negócios do HospitalSirio‑Libanes e Head of Business Development na Kunumi AritificialIntelligence. Atualmente responde pelas funções de cofundador daTEG Saúde e CEO da 3778 Healthcare.

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