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Setor energético em evolução

Riscos e seguros para o setor energético

energy mining
O sector energético está em constante mudança; à medida que se desenvolvem novas tecnologias para aproveitar fontes naturais de energia como a eólica e a solar, assiste-se, por outro lado, a um aumento significativo de regulação em outras áreas, como é o caso da indústria mineira.

Também o nível de preocupação das seguradoras e do público em geral tem aumentado por força das catástrofes que captaram a atenção do mundo inteiro como o caso do acidente verificado na mina Chilena Horizon e o subsequente resgate dos mineiros como dos danos causados pelo terramoto e tsunami à estação nuclear da Fukushima.

Neste artigo, a equipa de energia da Cooper Gay Londres dá-nos uma visão sobre riscos e seguros para o setor energético.


O Setor Mineiro
A Indústria mineira é verdadeiramente global e tem estado no centro do desenvolvimento industrial humano ao longo de milhares de anos. Phil Young, um especialista no sector mineiro da Cooper Gay, dá nos a sua visão dos desafios da indústria e do sector segurador.

A globalização do sector mineiro tem sido reforçada nos últimos anos com a emergência da China como a principal potência de desenvolvimento económico mundial, provocando impactos dramáticos nos preços das matérias-primas.

A par da China, o desenvolvimento industrial da Índia também está a acelerar, e a indústria mineira está a entrar numa nova era. A procura está a aumentar e a oferta é cada vez mais escassa, à medida que os projetos se tornam cada vez mais complexos e localizados em regiões mais desconhecidas e remotas.


Também se verificaram alterações permanentes na estrutura de custos da indústria devido à escassez de mão-de-obra qualificada, aumentando a necessidade de investir em inovação tecnológica, como por exemplo o controlo remoto de veículos e eventualmente o controlo integral da mina.

O relatório "O Jogo Mudou” (The Game has Changed) elaborado pela PwC em 2011 dá-nos conta dos resultados financeiros espetaculares das 40 maiores empresas mineiras:

Receitas aumentaram 32% para mais de $400 mil milhões
Resultado líquido subiu 156% para $ 110 mil milhões
Cash Flow Operacional aumentou 59%
Ativos Totais aproximam-se de $ 1 trilião.

Adicionalmente, existem 300 milhões de dólares afectos a novos projetos para ir ao encontro do previsível aumento de procura.


Tipos de Minas e Técnicas Utilizadas

Genericamente as minas podem ser a céu aberto ou subterrâneas e cada um destes tipos ainda se subdivide em minas de rocha dura e minas de rocha mole.
A extração mineira em rocha dura recorre normalmente à utilização de explosivos para partir a rocha para posterior processamento. É o caso da extração de minério de ouro e cobre. Quando a rocha é mole, como é o caso do carvão, recorre-se a equipamento de elevada automatização que pode ser utilizado também no subsolo.

A extração mineira a céu aberto utiliza equipamento de grande envergadura, como por exemplo os grandes camiões de carga de 300 toneladas. Estes podem ser totalmente carregados com a ajuda de enormes pás mecânicas. Uma mina pode ter muitos quilómetros de comprimento e largura e chegar a um quilómetro de profundidade.

As técnicas mineiras subterrâneas são variadas e dependem do minério a ser extraído. Todas as minas subterrâneas têm túneis ou elevadores de acesso que permitem a entrada de trabalhadores, ferramentas e máquinas e a retirada do minério. Têm também um sistema de ventilação que garante a circulação de ar e um ambiente de trabalho em níveis adequados de segurança para os trabalhadores, particularmente quando se trabalha a grandes profundidades.

As minas de carvão subterrâneas são geralmente mais mecanizadas porque os filões de carvão são muito grandes e tendem a situar-se em planos pouco inclinados. Assim, é relativamente frequente utilizar-se um processo de extração mineiro em que camadas de carvão são quase como que fatiadas da parede da mina, e transportadas em tapetes rolantes para a superfície.

As minas subterrâneas de rocha dura usam grandes brocas para furar o minério. Os buracos criados são depois preenchidos com explosivos e detonados numa explosão controlada de que resultará a rocha partida. Esta é posteriormente removida com máquinas apropriadas. Os trabalhadores são especializados na utilização e manutenção de equipamento subterrâneo e de explosivos.

Uma outra técnica de extração mineira é a que recorre à utilização de soluções líquidas, pelo que em rigor não se deveria chamar propriamente de extração.

Este processo é usado na extração de urânio e de potássio e consiste na abertura de poços de grande dimensão para onde o líquido é bombeado, dissolvendo o mineral e fazendo com que este suba à superfície para ser processado. Este processo acarreta alguns riscos, nomeadamente ao nível de potenciais falhas de revestimento ou então de fugas do líquido pelo subsolo que podem provocar situações graves de poluição, o que obriga a uma monitorização em contínuo deste risco.


O Processamento

A técnica de processamento depende do minério a ser extraído. Em regra nos minérios duros utilizam-se as técnicas de esmagamento, filtragem, ou moagem, com recurso a moinhos de bolas de aço, e flutuação em que o minério valioso é separado do resto da rocha produzindo um concentrado (a parte valiosa) e os restos (o que sobra do processo). A partir da moagem, o processamento tende a ser por via líquida e os restos são armazenados em grandes barragens das quais grande parte da água é recuperada para ser reutilizada.

O concentrado é posteriormente levado para uma fundição na qual é processado para tornar-se num metal ou derivado de metal. Mais uma vez, o processo pode ter algumas variantes mas tipicamente as altas temperaturas e/ou pressões são um factor comum.

A outra técnica frequentemente utilizada, particularmente no caso do cobre, é a extração coada com recurso a solventes e um processo chamado electrowinning (designado por SX/EW). O mineral é esmagado e colocado num monte ao qual são adicionados produtos químicos, como o ácido sulfúrico.

Esta solução contendo o metal passa depois para as instalações de extração onde o solvente é extraído. Segue-se a fase de electrowinning no qual o metal é recuperado através de um processo electrolítico, semelhante ao de uma bateria de um automóvel, sendo o cobre recuperado do extremo do cátodo.
No extremo oposto encontra-se o processamento do carvão que em muitas das vezes apenas envolve uma operação de lavagem.


Os Riscos

Os riscos associados à extração a céu aberto são menores do que os de extração no subsolo. Os mais comumente verificados têm origem em fenómenos da natureza como é o caso das cheias ocorridas na Austrália nos últimos anos, em falhas nas paredes da mina e em avarias de equipamento mecânico. Dado serem operações muito mecanizadas o risco para as pessoas é reduzido sendo rara a ocorrência de fatalidades.

De entre os riscos a que estão expostas as minas de subsolo pode-se distinguir entre os que são genéricos a todas as minas de subsolo e aqueles que são específicos do tipo de mineral a ser extraído.

Os riscos genéricos mais comuns são os associados a movimentos de terras, a quedas do tecto da mina, a inundações, a incêndios e a falhas de maquinaria. No caso das minas de ouro a grande profundidade, tais como as que existem na África do Sul, é frequente a ocorrência de explosões na rocha (a rocha desfaz-se devido à pressão) podendo resultar em mortes ou incapacidades de quem estiver nas proximidades do local.

Nas minas de carvão o risco de incêndio e explosão é significativamente superior devido à presença de pó de carvão, gás metano e devido ao risco de subida do solo que resulta do aliviar da pressão acumulada.

Os riscos do processamento de minérios duros normalmente devem-se a falhas de maquinaria, muitas vezes dos equipamentos utilizados para esmagar a rocha e para o processo de moagem. Por outro lado, o risco de incêndio está sempre presente, tendo como causa mais frequente as falhas eléctricas e os revestimentos de borracha utilizado nos mecanismos de transporte e à natureza abrasiva dos minerais.

Já os riscos que surgem nas fundições devem-se essencialmente ao manuseamento dos metais a altas temperaturas e resultam de fugas das fornalhas e do contacto do metal com água. Falhas mecânicas e eléctricas também são frequentes.

Nos processos que utilizam solventes o risco de incêndio tem um nível muito elevado devido à presença de químicos dissolvidos em querosene cujo grau de inflamabilidade é muito elevado. Sistemas de proteção contra incêndio devem estar incorporados no desenho original das instalações.


Segurar os Riscos das Minas

Muitos dos principais riscos operacionais das minas já não são seguráveis pelo mercado pelo que as empresas têm de encontrar formas alternativas de gerir essa exposição. De entre estes incluem-se:

Perdas sofrias no subsolo: por exemplo, em caso de queda do tecto da mina, são cobertos os danos provocados ao equipamento de extração mineira mas não os danos provocados à mina em si, tais como a reparação do tecto ou a remoção do material danificado.
No caso da parede da mina ficar danificada, tal como no caso anterior, são cobertos os danos provocados ao equipamento mas não a necessidade de reparação da parede.
O risco de inundação provocada por cursos de água subterrâneos não é segurável há já muitos anos. No entanto, as inundações provocadas por águas à superfície podem ser garantidas. Mais recentemente, e em consequência dos prejuízos avultados resultantes das cheias que aconteceram nos últimos anos na Austrália, as companhias de seguros passaram a excluir das apólice a retirada de água quer das minas subterrâneas quer a céu aberto.
Falhas na contensão das barragens que provocam danos á propriedade ou interrupção de negócio.
Poluição progressiva.
Custos de encerramento.

Os riscos da actividade mineira são subscritos por muitos dos grandes grupos seguradores tais como a Swiss Re, Munich Re, Chartis e a FM. Porém, a International Mining Industry Underwriters (IMIU), baseada em Londres, é a única que se dedica exclusivamente à subscrição dos riscos patrimoniais sendo líder de mercado neste segmento.

Desde sempre que é importante para as empresas mineiras demonstrar que se preocupam com a boa gestão de risco, e que empregam as melhores práticas de gestão de risco tais como o desenvolvimento de planos de contingência e o aprovisionamento de sobressalentes/peças reserva críticos para o processo.

A importância destas boas práticas de gestão de risco tem vindo a aumentar significativamente ao longo dos últimos anos devido também ao aumento dos preços das matérias-primas. Um pequeno dano material de um ou dois milhões de dólares pode provocar uma interrupção nas operações que poderá traduzir-se em prejuízos de centenas de milhões de dólares.


Equipa Cooper Gay - Setor Mineiro

A equipa da Cooper Gay especializada no sector da extração mineira tem mais de 100 anos de experiência colectiva na gestão dos múltiplos riscos associados aos projetos mineiros e respectivas operações. A equipa promove a adopção das melhores práticas de gestão de risco em todas as fases do processo de exploração e para além da sua experiência na corretagem, oferece um verdadeiro serviço de avaliação global dos riscos associados à extração mineira, abrangendo todas as actividades, desde as minas de ouro na África do Sul até às minas de potássio no Canadá. A equipa trabalha em conjunto com os clientes para desenvolver soluções únicas de gestão de risco e de seguros.
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