Global Risk Perspectives - Monthly insights on geopolitics, trade & climate

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Walter Cavichio
29.11.2021

Atenção à saúde mental deve pautar o presente e o futuro empresarial

A pandemia de COVID-19 trouxe uma série de novas preocupações para pessoas em todos os cantos do mundo. Com isso, veio o medo de adoecer, de precisar de um leito de hospital, de perder pessoas próximas e também de perder o emprego. Entre fevereiro e abril de 2020, nos Estados Unidos, o número de desempregados passou de 5.717.000 para 23.109.000 por conta do avanço da doença, que resultou no fechamento temporário dos comércios no país e, em várias regiões simultâneas do planeta. Mas quando veio a retomada da economia americana, estudiosos notaram uma nova tendência de debandada aos postos de trabalho em ritmo recorde. 
Ainda observando o cenário americano, podemos pensar o seguinte: com tantas demissões e perda de emprego, por qual motivo os trabalhadores estadunidenses estão tomando esta atitude? Um estudo realizado pelo pesquisador Anthony Klotz, especialista em psicologia organizacional, mostra que existem motivos individuais para a tomada desta atitude, mas entre as hipóteses analisadas está o esgotamento físico e mental do trabalho. 
Antes mesmo da chegada da pandemia, em 2019, a Síndrome de Burnout, que dá nome para a sensação de que o cérebro já não funciona mais, foi incluída na classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde, mencionada no capítulo de "problemas associados” ao emprego ou ao desemprego. A entidade também havia instituído o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, que originou a uma campanha brasileira intitulada como Setembro Amarelo, que acontece desde 2014, por meio de uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP e o Conselho Federal de Medicina.
 Com a popularização deste termo, psicólogos, estudiosos e profissionais da área de Recursos Humanos passaram a desenvolver técnicas para tentar mitigar este tipo de problema dentro das empresas estabelecendo ações de descompressão, atividades que pudessem contribuir com a saúde mental dos colaboradores, mas observando todo este movimento para combater algo que tem se tornado tão frequente, será que este é o melhor caminho para agirmos na raiz do problema? Será a pandemia acelerou e intensificou processos de ansiedade e transtornos mentais que já haviam impactado as pessoas?
 A mudança de uma rotina típica em escritórios e centros comerciais, para uma agenda lotada de reuniões on-line, administrando o tempo entre o trabalho, família, a nova rotina dentro de casa com a educação dos filhos e outras inúmeras demandas, acende uma lâmpada para pensarmos o quanto a pandemia nos trouxe inúmeros desafios, principalmente para o mundo coorporativo que terá de intensificar as ações e os cuidados coma saúde mental. 
Com toda a minha experiência no setor de saúde e benefícios, estudando o comportamento humano, eu posso afirmar com propriedade no assunto, que hoje, a minha principal preocupação é transformar a cultura de uma empresa, levando em conta a saúde do corpo, da mente e a preocupação com o bem-estar de todos. Minha missão é contribuir com a implementação de uma consciência do cuidado com a mente, da meditação, que já teve comprovação científica de que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas e de incentivar o acompanhamento psicológico que hoje se tornou um benefício tão valorizado dentro do ambiente coorporativo.
Se hoje já temos a tecnologia ao nosso favor, a telemedicina e as consultas com profissionais da área de psicologia à distância, o que falta é um trabalho mais consciente dos líderes em atuarem com foco na transformação da cultura da empresa, incentivando as equipes a cuidarem da mente assim como da saúde física.
Mais do que nunca, ficou ainda mais difícil separar o mundo pessoal, do profissional. Precisamos pensar em como o setor corporativo vai se adaptar para oferecer condições favoráveis de trabalho, seja presencial, à distância, dando foco total à saúde mental, que está atrelada ao desempenho de um indivíduo que impacta diretamente nas equipes de trabalho e no resultado da empresa. Acredito que assim, cada um fazendo a sua parte, vamos contribuir para a diminuição de casos de depressão, síndrome de burnout, ansiedade e outros problemas relacionados à mente.



Por Walter Cavichio, Diretor Técnico de Saúde e Benefícios da MDS Brasil
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